segunda-feira, 14 de outubro de 2013

"A criança que fui", de Saramago

A criança que fui
"Quero é recuperar, saber, reinventar a criança que eu fui. Pode parecer uma coisa um pouco tonta: um senhor nesta idade estar a pensar na criança que foi. Mas eu acho que o pai da pessoa que eu sou é essa criança que eu fui. Há o pai biológico, e a mãe biológica, mas eu diria que o pai espiritual do homem que sou é a criança que fui".  Saramago

Resta-nos agora é resgatarmos a criança que fomos para darmos conta do mãe/pai que seremos. Onde é que está agora aquele infans? Em ti, a todo momento, às vezes gritando, na tentativa de que você o veja, observe, recorde. Esse velho papo de 'esqueça seu passado, bola pra frente, deixa pra trás' é balela de quem não suportaria se enxergar, no mais profundo, suas mazelas e felicidades. Geralmente são as mazelas as mais aterrorizantes de relembrar. E as mais importantes também.
"Se você não quer ter filhos, não tenha" de José Martins Filho. Eu acrescento aí: a criança que nasceria agradeceria!
Quando se tem um filho a vida muda - peralá - essa assertiva não é para todos! Somente para quem se implica no processo tão importante de educar alguém, de amar seu fruto, sua parte. Desde mudanças no cotidiano à mudanças subjetivas...vale a pena para quem deseja descobrir, mas só pra quem deseja! Mas veja, não são mudanças fáceis e se tornam um belo aprendizado.
Depois de 5 meses, eu e meu marido conseguimos assistir 2 filmes completos - olha só, foi uma felicidade! Incrível como depois que nosso filhinho nasceu, as pequenas coisas são tão mais belas, gostosas e prazerosas. Não existe nada na nossa vida, mais gostoso do que olhá-lo dormir, enxergar pela milésima vez cada partezinha do seu corpo, acordar com aquele sorrisinho banguela mais cativante do nosso mundo! É disso que falo, quando digo que tudo muda! 

Esse vídeo, resume tudo que estou vivendo hoje, desde impressões pessoais, vivências com meu marido e filho, às questões sociais de ser pai e mãe:


ps: já havia visto o vídeo da palestra inteira ainda quando estava grávida, mas não consegui achar o vídeo completo agora...uma pena....

Para finalizar: quando digo que TUDO muda depois de ter um filho, é bem isso, olha só, tive que parar 3 vezes de escrever para brincar, dar mamá, colinho, trocar faldas! haha

sábado, 12 de outubro de 2013

Dia do Pirlimpimpim!








































 Para  cada criança uma nova sabedoria! E assim segue nossos grandes pequeninos pinguinhos de gente, nos mostrando que
"tudo vale a pena, se a alma não é pequena..."

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Ditos da infância - planeta criança!

Estou aqui lendo e escrevendo com uma amiga sobre crianças! São tantas estórias e ditos que fico aqui 'milmaravilhada', como Guimarães bem criou. Os ditos das crianças são sininhos de novidades - cada palavra, som, expressão de se dizer, imaginação borbulhante - que saudade de ver e pensar assim. Marília certa vez me disse: "Quando é que vamos aprender a voar, ka? Por que é que, às vezes, desaprendemos a voar?" Muito sábia esse menina- mulher! Uma questão que se pararmos para buscar, vamos longe nesse porquê. Eu respondi: "Quando começamos a deixar a fantasia de lado, acho eu...um dia, minha sobrinha quando tinha 5 anos, me disse: 'karina você pode ser o que quiser'....e eu nunca mais me esqueci....desde então fico testando as várias karinas em mim! Uma aventura atrás da outra. Precisei desse dito, da infância, daquilo que urge na fantasia para me perceber enquanto potência de vida - lá, no alto da magia existe outras em mim e porque não brincar com elas?
Sabe, essa linda menininha, Ana Clara é uma garota pra lá de especial. Com ela aprendi a ver tantas coisas... Acho que nem saberia aqui dizer. De tão imaginário que fica e tanto sentimento envolvido. Ela é dessas meninas que preenchem nossa vidinha aqui. Digo 'vidinha' porque adultos são muito sem graça. Precisam cotidianamente de um toque e retoque de mágica, para viverem bem. Ana tem uma energia de vida e de fantasia que é de molhar os olhos, só de lembrar... Fico tão feliz de a ter conhecido nessa minha existência! Sempre lembro desses ditos que ela exala sobre a vida - as palavras dançam em sua boquinha e as gargalhadas também! Saudades disso...
Tenho pensado nas minhas vivências com as crianças, desde as crianças da família até as crianças que trabalhei - em grupos, nos atendimentos - e até mesmo aquelas que olhei em um ônibus, na rua, no mercado, padaria, praças. Só de olhar já aprendo. Todas dizem um tanto de mim. Isso que é emocionante - vejo um pouco da karina de infância. 

"Cada um de nós se esquecera de seu mesmo e estávamos transvivendo, sobrecrentes, disto: que era o verdadeiro viver? E era bom demais, bonito - o milmaravilhoso - a gente voava, num amor, nas palavras: no que se ouvia dos outros e no próprio falar..." Conto Pirlimpsiquice, João Guimarães Rosa.


Mil gotinhas e gotonas na cabeça, algumas nos olhos e muita risada! A vida também é feita disso - de se molhar e brincar cantando na chuva... com Aninha.


Link do vídeo mais lindo que já vi. Feito e editado pela Ana Clara. 

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Agarrado ao peito!

Hoje lá vai: um tema que dá muita discussão, principalmente entre os 'filhos de chocadeiras' ou para mães que assim o fizeram com suas crias. Procuro até entender a vivência da mulher, como na época de minha vó, que teve seus 12 filhos e um marido que nada lhe ajudava, pelo contrário....nem consigo imaginar como foi cada gestação, cada parto, cada amamentação em meio a tantas dificuldades....
Durante muito tempo, uns 20 anos, a critiquei porque via que não dava devida atenção ao meu pai...não entendia, achava que não o amava.....depois de ter meu filho, entendo e fico triste. Triste por ela, enquanto mãe e mulher, triste pelo meu pai, triste por tantas mulheres que viveram a mesma estória. Triste por mim também que não fui sensível o suficiente para olhar a complexidade dessa estória. Nunca é tarde. Ela morreu, mas sonhei com meu pai (falecido também) que mandava uma mensagem dela, não sei dizer ao certo qual, mas acho que me perdoou. Pensei muito nela depois da maternidade e sentia culpa.
Hoje, Ian com seus quase 5 meses, escuto muitas críticas em relação a como cuido dele. As principais são que eu o estou deixando 'mal acostumado ficando no meu colo'. Nossa como essa dói! Nem consigo imaginar um bebê, que nada sabe desse nosso mundo, sem o colo da sua mãe, sem sentir seu cheiro, escutar seu coração, sem se sentir protegido e amado....uma crueldade. Mal acostumado só se for de amor e carinho. Isso sim!
Se um bebê chora por fome, damos nosso leite, se chora por sono, o fazemos dormir, se chora porque está sujo, trocamos e damos banho e se chora porque quer amor e carinho o certo é darmos nosso amor, nosso colo. Para muitas mães e mulheres não - 'frescura' - já me disseram.... uma pena.
Fico aqui imaginando a dificuldade e ao mesmo tempo a superação que é ser um recém-nascido: estava no aconchego da placenta, ouvindo a mamãe, sendo alimentado por ela, totalmente dependente desse amor, até sua respiração vinha dela e de repente nasce - para uma nova vida, enfrentar obstáculos, conhecer esse mundão e seu primeiro obstáculo é respirar sozinho! Não sabe falar, não sabe de si, só precisa sentir o cheiro da mãe, seu leite, escutar seu coração batendo! Só isso. Uma criança só quer ser amada e nada mais. E ainda tem pessoas que a nomeiam como fazendo 'manha, sem vergonha, espertinha' entre outras. Não devemos esquecer que a criança ainda não sabe a linguagem falada, somente se comunica  por meio da linguagem do seu choro e depois gestos e quem nomeia os comportamentos e sentimentos são os adultos. Que eu saiba adultos é que fazem manha por qualquer coisa, são espertinhos e sem vergonha. 

Meu colo = meu amor. E assim será. "Quanto mais colo hoje, menos necessidade amanhã."

Definição de colo pelo dicionário online:
"Agarrado pelos braços junto ao peito.
 Com muito cuidado ou com muita .proteção."